quinta-feira, 13 de agosto de 2020

A presença negra no Ceará é marcada e marcante.

 

A presença negra no Ceará é marcada e marcante”, resumiu a professora doutora Sílvia Maria Vieira dos Santos. Não obstante a historiografia oficial ainda teime em negar a existência de negros escravizados em território cearense no período colonial – o que influencia diretamente no reconhecimento das raízes afrodescendentes e no sentimento de pertencimento de boa parte dessa população – a militância organizada e a maior participação de pessoas pretas no ensino superior proporcionam, atualmente, novos estudos sobre a presença negra no Estado.


A existência de negros no Ceará e a história dos movimentos negros estaduais foram problematizadas no segundo encontro do Curso Dandara dos Palmares – Gênero, Raça e Etnia na Comunicação, realizado no dia 3 de outubro, no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce).

A atividade também teve a participação do escritor Hilário Ferreira, cuja obra “Catirina, minha nêga, tão querendo te vendê…: escravidão, tráfico e negócios no Ceará do século XIX (1850-1881)”, foi a principal fonte bibliográfica utilizada na exposição de Sílvia Maria, que é coordenadora pedagógica do Curso Dandara dos Palmares. “Da mesma forma que escamoteia a presença de negras e negros no Ceará, a historiografia vai dizer que não existiam indígenas também”, reforçou a professora.

Ser negra e negro é uma construção política que passa pelo sentimento de pertencimento a um grupo racial ou étnico, decorrente de construção social, cultural e política. Partindo dessa premissa, Sílvia Maria colocou que muitas pessoas não se identificam imediatamente como negras porque “negro é tudo de ruim que está no dicionário”. Por outro lado, ao se autodeclararem pardas, elas também não se reconhecem como brancas. “O pardo é o não lugar”, frisou. Acrescentou que a pessoa se reconhece como negra e a comunidade também a reconhece como tal.

A população declarada negra aumentou no Ceará, entre 2012 e 2018, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018, publicada nesta quarta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice passou de 2,9% para 5,3%, no período analisado, mas, ainda assim, é o menor dos estados do Nordeste.

Na região, a maior participação de negros ocorre na Bahia (22,9%) e no Maranhão (11,9%). O índice de 5,3% no Ceará representa uma população de quase 480 mil pessoas, segundo o Instituto. A maior população no estado é de pardos, que engloba 65,7% dos habitantes - cerca de 5,9 milhões de cearenses.



Matéria: Professor Helio Amazonas 


@grupolentedigital


https://www.youtube.com/watch?v=tAf4_dkMtqU

Nenhum comentário:

Postar um comentário